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é como se a câmera guardasse um segredo de imagens suspensas através dos ano, 2023
02 de outubro de 2023 à 31 de outubro de 2023
salão de exposições da fic, indaial sc
exposição via edital prêmio de ocupação do salão de exposições da fic, fundação indaialense de cultura
na casa dos meus pais, as fotografias e álbuns eram guardados em uma mala antiga, de uma cor entre o bordô e o vinho, estampada com pequenas flores meio desgastadas no interior e com dois fechos de metal que nunca fechavam muito bem. a mala era guardada embaixo da gaveta do guarda-roupa do meu quarto, entre o vão da gaveta e o chão. lá ficavam as fotografias, acomodadas no escuro e em meio à poeira. para se ver as fotos, era necessário tirar a gaveta e resgatar a mala de seu esconderijo. hoje, a mala fica dentro do meu guarda-roupa – à 362 km de distância daquela gaveta e daquele chão –, mas não há nenhuma foto dentro dela.
na segunda gaveta do balcão do meu quarto, três gavetas acima do chão, ficam todos os negativos – 202 tiras, divididas em 25 conjuntos – das fotos que eram guardadas dentro da mala. na gaveta, também guardo a máquina fotográfica da minha família, uma yashica 2000n made in japan, toda feita de plástico, com uma 50mm fixa e apenas quatro opções de fotometria. dentro desta câmera um filme 35mm esteve guardado por quatorze anos. as imagens capturadas, permaneceram existindo em uma linha entre a realidade e a memória, antes de serem reveladas e ocuparem espaço no mundo palpável. penso que durante todo esse tempo, era/é como se a câmera guardasse um segredo de imagens suspensas através dos anos.








a memória carrega aquilo que não se pode ver mais. o registro invisível à película fotográfica, expõe a imagem que não se revelou. por carência de luminosidade, o registro é consumido pelo breu, carrega apenas vestígios contornados pela luz arranhados em sua superfície. a imagem que existe entre o ato de registrar e o ato de revelar, denúnica uma grande fotografia que se constrói entre esses espaços de tempo. a memória não se revela aos olhos, ela permanece suspensa através dos anos. a mente opera como um álbum de fotografias, onde acessamos as imagens de forma expandida: móveis, dinâmicas, não estáticas. a memória se move com o tempo, as imagens permanecem suspensas. a câmera é ferramenta de suspensão, 'agente da própria vontade'.
imagens fotográficas em 35mm registradas pelo público durante o período da exposição:
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